Estudos com recortes metodológicos realizados por amostragem e aproximação, sem dados oficiais, não refletem a realidade econômica do setor. Por isso, há necessidade de uma medição oficial e sistemática do Produto Interno Bruto (PIB) do Turismo no Brasil.
Esse fato incontroverso fica evidenciado no novo estudo do Núcleo de Pesquisas e Estatísticas (NPE) da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (FHORESP). De acordo com a análise, não há, no país, uma medição oficial que possibilite decisões estratégicas fundamentadas nas orientações internacionais das Contas Satélites do Turismo da ONU.
O estudo visa destacar a importância da medição contínua de indicadores macroeconômicos do Turismo, como emprego, renda e PIB, que fornecem informações relevantes sobre o impacto econômico dessa atividade. Esses dados são essenciais para a criação de políticas públicas, decisões empresariais e planejamento de investimentos no setor.
A pesquisa conduzida pelo economista Luis Carlos Burbano, Coordenador do NPE da FHORESP, analisa a falta de uma medição sistemática do PIB do Turismo no Brasil, comparando com as melhores práticas internacionais. Assim, foram examinados os esforços do IBGE no cálculo de indicadores macroeconômicos e identificadas as lacunas.
“A medição confiável do PIB do Turismo permite uma melhor compreensão das contribuições diretas e indiretas do setor para a economia. Isso facilita a identificação de oportunidades de investimento e o planejamento sustentável”, afirmou o Diretor Executivo da Federação, Edson Pinto.
A pesquisa aponta ainda que dados macroeconômicos são essenciais para entidades sindicais patronais e organizações de classe ao basearem reivindicações e negociações em aspectos críticos, como condições de trabalho e remuneração. Durante a crise de COVID-19, por exemplo, o setor teve dificuldade devido à falta de dados atualizados para a formulação de políticas eficazes.
Por isso, o Núcleo de Pesquisas e Estatísticas da FHORESP sugere que o IBGE assuma a responsabilidade de desenvolver as Contas Satélites do Turismo seguindo as Recomendações Metodológicas para as Contas Satélites do Turismo de 2008 das Nações Unidas. A aplicação dos mesmos princípios e regras contábeis do Sistema de Contas Nacionais do IBGE garantirá a consistência e a relevância dos dados para uma análise macroeconômica precisa.
Ainda segundo o executivo, “a Federação discorda frontalmente de estudos que pretendem medir o PIB do turismo sem a fundamentação das metodologias internacionais recomendadas pela ONU, sobre a criação das Contas Satélites do setor. São aventuras acadêmicas realizadas com metodologias que se fundamentam em pressupostos simplificadores que derivam em cálculos inconsistentes e pouco confiáveis. Assim, precisamos que o IBGE assuma a responsabilidade de criar as Contas Satélites do Brasil da forma como existem em outros países de forte tradição turística como Espanha, Portugal, México e Itália. Com a finalidade de evitar aventuras metodológicas de estudos sem fundamento técnico-científico, essas Contas Satélite devem ser construídas mediante a aplicação dos mesmos princípios e regras contábeis utilizados no Sistema de Contas Nacionais do IBGE”.